É tempo de coragem
Coragem para olhar para o fio que resta da vítima em você, aquela parte que teima em se agarrar na versão da história em que o outro é o vilão.
Coragem para olhar para o fio que resta do juiz em você, aquela parte que teima em julgar as pessoas pela moral e pelos conceitos de certo e errado que você internalizou.
Coragem para olhar para o fio que resta do controlador em você, aquela parte que não confia, mesmo se dizendo confiante.
Coragem para olhar para o fio que resta do arrogante em você, aquela parte que sempre responde mais ou menos assim ‘Eu já sei, eu já trabalhei isso, já superei, já vivi e to aqui só e tão somente para te ensinar’.
Coragem para olhar para o fio que resta do preguiçoso em você, aquela parte que se anestesia na hora em que tudo o que você precisa é movimento.
Coragem para olhar para o fio que resta da ira em você, aquela parte que espera pelo erro do outro para que você possa explodir mais uma vez e destilar a raiva que ferve aí dentro.
Coragem para olhar para o fio que resta do invejoso em você, aquela parte que te leva a destruir o outro em pequenas doses, um comentário aqui, outro ali, sempre buscando reduzi-lo ao tamanho que você acredita ter.
Coragem!
Os eus psicológicos podem se agarrar a um pequeno fio, ainda que o discurso seja lindo e até pareça iluminado.
Nossos discursos se elaboram e, muitas vezes, isso é mais uma estratégia de fuga. Tanta elaboração pode ser só mais um escudo para proteger os fios que ainda restam.
É tempo da verdade e nada mais ficará oculto. A verdade se revela nas relações e tudo o que precisamos agora é de coragem.
Coragem para dizer: ‘Sim, ainda há um fio em mim’. Só assim podemos soltá-los.
Liberte-se, e verá que o tal ‘outro’ é só uma ilusão.
Chegou a hora: é tempo de ‘cor’ ‘agem’, de agir com o coração.
Tatiane Guedes