Sobre o despertar e as relações afetivas
Ah, os relacionamentos! A nossa verdadeira universidade da Vida!
Quando nos colocamos em uma jornada de despertar e expansão de consciência, inevitavelmente todas as nossas relações serão afetadas – e não falo aqui apenas dos relacionamentos românticos.
Algumas relações se potencializam e também se expandem, selando seu campo de Amor, Verdade e Equilíbrio; outras, por sua vez, naturalmente se dissolvem. Há também os encontros passageiros, pessoas que entram em nossa vida abrindo portais e com as quais convivemos por uma temporada apenas – os ‘mestres-mensageiros’.
Não importa qual seja o contexto, amar e deixar o outro livre para ir é, quem sabe, um dos certificados dessa Universidade.
Vez ou outra sou lembrada deste ensinamento de Harrison Owen sobre o desapego:
- Quem quer que esteja presente é a pessoa certa para estar aqui,
- Seja quando for que comecemos é sempre o tempo certo,
- O que acontece é a única coisa que poderia ter acontecido,
- Quando acaba, acaba.
Poder dizer a quem amamos, verdadeiramente: “Eu te amo e desse amor você é livre”, é sinal de que estamos abandonando os jogos de apego – tão comumente confundidos com amor.
Mas essa Universidade também nos traz um outro grande aprendizado: as sombras e projeções.
Relacionamentos são espelhos abençoados que nos revelam tudo o que precisamos ver
Revelam absolutamente tudo. O incômodo que sentimos no encontro com o outro está sempre revelando algo sobre nós mesmos, e esse espelhamento pode ter algumas dinâmicas distintas, ou até misturadas:
▪ Negação: o outro nos revela algo que estamos negando em nós mesmos. Exemplo: aquilo que julga como arrogância do outro, revela sua própria arrogância disfarçada sob camadas de falsa humildade.
▪ Distorção: criticamos algo no outro, pois este mesmo crítico interno não nos permite expressar o que estamos vendo no espelho. Exemplo: aquilo que julga como irresponsabilidade no outro, talvez seja a sua dificuldade em ser mais leve consigo mesmo.
▪ Sombra: a fricção de uma relação muitas vezes também acontece apenas como um chamado para integrar uma parte importante que jogamos na sombra. Aqui vale a famosa pergunta: o que essa situação está querendo me ensinar? Um exemplo próprio: em uma época da minha vida, fui vivendo situações repetitivas em relacionamentos nos quais eu me sentia invadida, desrespeitada e até ridicularizada. Fui percebendo que não era ‘o outro’ que fazia isso comigo, mas sim, eu mesma. Eu não respeitava os meus limites, tinha medo de ser firme quando precisava ser e assim, claro, a sombra se materializada em um mestre-amigo para me revelar o meu próprio algoz. Algoz que precisei reconhecer, integrar e dissolver.
Que possamos celebrar essa Universidade da Vida!
Que possamos nos revelar nesses espelhos abençoados.
Amor que nos ensina a ser livre.
Amor que liberta.
Tatiane Guedes