É necessário que coisas acabem para que coisas novas aconteçam
❝É necessário que coisas acabem,
para que coisas novas aconteçam.❞
— Eckhart Tolle
Foi com essa frase de Eckhart Tolle que eu encerrei a newsletter em fevereiro, sem imaginar o que viveríamos coletivamente – e tudo o que se desdobraria neste corpo-mente ‘Tatiane’. Tudo o que eu sabia é que alguns ciclos estavam se encerrando, e que um tempo de recolhimento e silêncio despontava no horizonte.
Por aqui foi um recolhimento temperado com uma enorme clareza, paixão pela vida, liberdade; e também com confusão, depressão e apatia. E foi justamente neste período coletivo que o esclarecimento se fez.
Vi claramente a Verdade do que Sou; Isso que anima este corpo, mas não se resume em seus cinco sentidos; Isso que ilumina essa mente e toda sua capacidade incrível de cognição, mas não se resume aos seus conceitos e interpretações; Isso que contém todas as formas de vida, todos os corpos-mentes; Isso que os ilumina e vitaliza.
Vi claramente que ‘Isso’ é o que Sou, e o que você é; é a fonte de onde surge o pensamento ‘eu’. E nenhuma dúvida restou-se.
No entanto, esse reconhecimento por si só não faz evaporar, como um passe de mágica, todas as formas-pensamento, e todo o programa mental construído em um corpo-mente. Do contrário, esse reconhecimento é como uma luz que vai iluminando e incendiando tudo. Pouco a pouco.
❝A Iluminação é um processo destrutivo, tanto quanto construtivo. Não tem relação com se tornar feliz ou melhor. Iluminação é a desconstrução da mentira. É ver através das pretensões. É a erradicação completa de tudo que se acredita ser verdade.❞
— Adyashanti
Todos os conceitos sobre autoconhecimento, cura, iluminação e toda a atividade mental que de alguma forma ‘preparou o solo’ para este reconhecimento acontecer, tem sido incendiados por este fogo da Verdade.
Foi neste clarão que comecei a ver toda a confusão causada por caminhos terapêuticos que têm como premissa, direta ou indireta, a ideia de que estamos a buscar a nossa ‘melhor versão’, e que portanto as terapias servem para nos aprimorarmos – falei disso na newsletter de maio.
E claro, do outro lado, vi também a confusão de abordagens simplórias dos círculos neo-advaitas, com uma fala “Você não existe” e pronto, sem oferecer o espaço para que o intelecto seja preparado para compreender e render-se à experiência desse apontamento.
Quão importante foi a noite escura e os dias de apatia e sensação física de nada mais fazer sentido! Quão importante foi [e tem sido] testemunhar o desmororamento de conceitos, e ser arrebatada de compaixão por ver experiencialmente que todo o sofrimento decorre da crença primal de que somos uma entidade separada, e que por assim sermos, precisamos encontrar a felicidade em algum lugar.
Sim, vi também claramente que o reconhecimento do que Somos é muito simples realmente, mas é justamente o retorno à essa simplicidade que torna o caminho tão complexo – a beleza dos paradoxos.
Bem, e agora?
Percebo que as implicações deste processo se desdobram de forma particular em cada um, e só posso falar sobre aquilo que vem acontecendo aqui: uma silenciosa e pacífica revolução começa a ganhar força. E claro, isso afeta diretamente a Spontaneum.
Se tudo o que vínhamos oferecendo já estava alinhado a este olhar, agora ainda mais! Assim, vamos simplificar os nossos programas e serviços, encontrando formas ainda mais acessíveis de compartilhar esse olhar tão simples, mas que para ser percebido como simples, precisa de um solo férfil e de entrega absoluta para ser experimentado.
❝Para que o novo seja percebido, é preciso ser espaço […]❞
Essa revolução pede espaço e, assim, estamos encerrando alguns programas – explico em mais detalhes abaixo; e sentindo, a partir de um campo neutro, novos formatos para os nossos servires.
Bem, acima de tudo, gostaria de te deixar algumas mensagens aqui. Leia com c’alma:
- Esse momento coletivo que vivemos, com toda a sua dor, foi e é uma bênção para a humanidade. Tem sido um lindo e intenso chamado: acordemos!
- Acordar é reconhecer Aquilo que Você É, o verdadeiro ‘Você’ para além da sua história pessoal; Aquilo que testemunha a sua experiência, que não julga, não separa (a começar por si mesmo), pois é a própria fonte de tudo o que há.
- Esse reconhecimento é muito simples, uma investigação lógica pode te conduzir a ele: o que é isso que você chama de ‘eu’?
- Para que essa simplicidade realmente seja percebida, não basta tomar como verdade “Eu Sou Consciência”, pois isso seria apenas acumular mais um conceito. Essa investigação só frutifica a partir de uma ‘preparação’ de nossos corpos sutis – mental e emocional. Mas, por favor, jamais entenda essa preparação como ‘aprimoramento’. Isso irá gerar uma confusão imensa! Aquilo que Você É não precisa ser melhorado, só precisa ser reconhecido!
- Quando esse reconhecimento realmente incendiar a tua mente, saiba que um processo de desmoronamento se dará. Renda-se a tudo o que vier, ainda que seja a mais profunda apatia. Tudo isso é parte do processo de ancoragem – o corpo precisa de mais tempo para ancorar esse novo ver.
- Testemunhe o desmoronamento, seja espaço e peça ajuda a professores e amigos esclarecidos, que realmente já reconhecem absoluta e indubitavelmente a Verdade do que Somos. Isso é muito delicado e importante!
- Neste espaço neutro em que você vai ancorando a Verdade de quem se É, é possível que o novo desponte no horizonte. É natural que ciclos se encerrem, e é justamente isso que precisa acontecer para que o novo seja!
Gratidão a quem acompanha o nosso servir há algum tempo, e caminhou com a gente nessa aventura da auto-descoberta! Gratidão a quem chegou recentemente, nenhum encontro é ao acaso.
Encerro esse primeiro setênio da Spontaneum em profunda gratidão a tudo o que nos moveu até aqui, e que nos move em direção um novo [e já amado] desconhecido.
Até um novo agora!
Em amor eterno,
Tatiane Guedes
Sathya Ma ∞
Tag:fim de ciclos