A face feminina do despertar
O despertar não é a negação do corpo, mas o viver absolutamente ancorado na verdade do que se É, desfrutando deste saber em um corpo sensível, que é passagem e expressão singular de Mim.
O despertar não é a negação da mente ou dos pensamentos, mas o reconhecimento de ser o espaço neutro onde essa impermanência dança.
O despertar não é o fim da condição humana, nem a promessa de paz eterna, mas a clareza indubitável de que não sou um estado passageiro, enquanto acolho naturalmente todos eles. E esse acolher não é um esforço ou barganha, mas a minha natureza essencial.
O despertar não é o descaso com os ecossistemas, nem a conivência com a destruição da biosfera. Aliás, o “eu sou nada e tudo é ilusão” é a ilusão do “eu despertei”. Despertar é corporificar essa verdade de ser Uno. É finalmente o desaguar do “eu sou Nada” para “eu sou Tudo”.
O despertar que não abre o coração humano ou que não vivifica um corpo sensível, é incompleto. Despertar que não nos arrebata de humildade e compaixão, é seco.
Não sou o corpo ou a mente, mas eles são expressões singulares de Mim.
Saber-Me como Tudo é a coragem e a inocência de sentir-Me em tudo, sem ao menos precisar rotular os sentimentos. É discernimento e a ação certa que se faz a cada instante e em toda a ordinariedade da vida.
É vida ordinária e comum. Com’Um.
Despertar é saber que sou isso que não tem gênero, mas que se expressa em movimentos cíclicos, yin e yang, feminino e masculino, sol e lua.
Ah! Tão lindo é o enluarar deste despertar!
É Corpo.
Pulso.
Terra.
Humanidade.
E este tempo que vivemos clama por um despertar imanente, corporificado e inteiro.
Testemunho essa face feminina do despertar desabrochando em tantos seres. Florescendo aqui-agora num canto eterno de gratidão por saber-Me, enquanto honro este corpo e este solo que me É.
Tudo Sou
Porque Sei-Me
E assim, amo.
[…]
Tatiane Guedes ༄ Sathya Ma