Awareness pelo olhar da não-dualidade
A palavra awareness pode ter muitos significados.
Lembro de minhas aulas na pós-graduação em Gestalt-terapia e da primeira vez que escutei esta palavra: awareness. Os professores diziam que tratava-se de um conceito que não tinha uma tradução exata para o português, mas apontava para o ato de dar-se conta, de estar consciente de algo. Em Gestalt usamos muito a ideia de figura-fundo, ou seja, ora um objeto – seja ele um objeto físico, seja um pensamento ou emoção – ganha a nossa atenção e, portanto, está como figura, ora algo que estava no fundo emerge como figura e captura a nossa atenção. Olhando por essa ótica, awareness seria o dar-se conta daquilo que emerge como figura em nosso campo de atenção. Isso é também o que alguns chamam de mindfulness.
Hoje em dia é comum também ouvirmos o termo awareness dentro dos estudos de Marketing e Branding. Profissionais da área usam a expressão “brand awareness” para falar sobre o grau de reconhecimento do consumidor de um produto pelo nome da marca. Portanto, aqui também o termo é usado para apontar para a atenção, o reconhecimento e o dar-se conta de algo.
Buscando o conceito em dicionários e wikipedia, veremos algo como: “Awareness é o estado de estar consciente de algo. Mais especificamente, é a capacidade de saber e perceber diretamente, sentir ou estar ciente dos eventos. O conceito é freqüentemente sinônimo de consciência e também é entendido como sendo a própria consciência“.
Bem, é nesta última frase “também é entendido como sendo a própria consciência” que começamos a nos aprofundar no conceito de awareness.
Awareness é mais do que a capacidade de estar atento e consciente de algo, Awareness é a própria Consciência.
Quando começamos a empreender uma jornada de autoconhecimento em busca da resposta à pergunta mais essencial Quem Sou Eu realmente?, é natural que passemos um tempo buscando responder isso através de uma ordem de realidade relativa, investigando tudo sobre o nosso corpo-mente. Achamos que autoconhecimento é desvendar a personalidade, conhecer as nossas tendências e padrões, buscar formas de neutralizar dificuldades, dissolver dores e traumas. Sim, tudo isso pode ser parte do processo de autoconhecimento – processo este que exige awareness nesta ordem relativa, ou seja, a capacidade de nos darmos conta de muitas in-forma-ações que permeiam o corpo-mente, e a possibilidade de ressignificarmos a nossa história.
No entanto, essa busca por autoconhecimento sob a ordem relativa não dá conta dessa pergunta fundamental: Quem Sou Eu realmente? Se persistirmos nela apenas em busca de auto-aprimoramento deste eu relativo que pensamos ser, poderemos passar a vida com a sensação de caminhar, caminhar e nunca chegar. Claro, pois a busca em si já traz a ideia de uma linha de chegada e, em determinado momento, é justamente a ideia de que há alguém caminhando e se aprimorando para chegar em algum lugar que precisa se dissolver.
Quem Sou Eu realmente?
Se somos arrebatados por este desejo pela Verdade, sendo a Verdade essa des-coberta e reconhecimento do que somos fundamentalmente, os caminhos progressivos que trilhávamos até então nessa busca constante de auto melhoramento darão lugar aos apontamentos da não-dualidade como, por exemplo, o Vedanta e o Caminho Direto. A partir dessa nova via, uma mudança de compreensão começa a se desdobrar, e pode não ser tão simples, pois ela exige que entreguemos todos os conceitos aprendidos e acreditados até então. Essa via nos convida à experiência direta, livre de conceitos prévios – ou pré-conceitos.
A não-dualidade vai nos convidar a uma investigação mais profunda: será que sou um corpo-mente capaz de estar aware, de dar-se conta, de estar atento e consciente, ou sou a própria Consciência que brilha neste corpo-mente, dando a ele essa capacidade de refletir e significar o mundo?
Awareness é o que somos fundamentalmente, o puro saber presente em toda experiência. O puro perceber que nota tudo o que emerge no corpo-mente. O campo ilimitado onde a experiência, o experienciador e o objeto experienciado são um só.
Neste vídeo eu compartilho uma reflexão simples para você começar esse processo de auto investigação.
O que é isso que você chama de ‘eu’?
Será um corpo?
Uma mente?
Onde está este ‘eu’?
O que é anterior à construção da mente e do senso de ‘eu’?
Investigue
Observe
Note o Vazio repleto de Vida!
Vida Impessoal
Awareness
Consciência
Você antes de você
Com amor,
Tatiane Guedes ༄ Sathya Ma
Conheça o programa de [Des] Formação Spontaneum
A [Des] Formação Spontaneum, como o nome sutilmente já revela, é um convite para irmos além das formas. Além das formas-pensamento, e das formas-emoções. Além das in-forma-ações, e da ideia de sermos apenas um corpo-forma separado e limitado. Um programa com mais de 120h de carga horária, contemplando módulos online e um retiro de imersão de 7 dias.
Um convite para o reconhecimento do que realmente Somos: a Consciência não-dual, sem forma, sem nome e sem atributos, sempre presente e que a tudo ilumina.
“Autorrealização é um processo de dissolução da ideia de um eu limitado e separado, e, ao mesmo tempo, a iluminação do conhecimento que revela a Verdade essencial: Você é o Ser. O Ser é tudo o que há.”
— Tatiane Guedes