O mundo que eu vejo

Eu vejo um mundo onde as pessoas se veem em rede, tecendo juntas a vida e o viver. Em comunhão com todo o ecossistema.

Eu vejo um mundo onde a palavra colaboração não existe, pois não há o seu oposto. Tudo é colaborativo, pois tudo sou Eu. E se tudo me É, e todos sabem que todos são o Todo, não há como não nos ajudarmos naturalmente.

Eu vejo um mundo onde o gênero não é pré-determinado pela forma física, e onde cada um ama e é amado assim como o amor flui em sua singularidade.

Eu vejo um mundo em que aqueles que se unem para gerar vidas, o fazem conscientemente. Aliás, neste mundo, gerar vida é uma missão dada pela própria Vida. Nem todos recebem este chamado, mas todos celebram a dádiva de gestar, parir e cuidar.

Eu vejo um mundo em que as crianças são cuidadas em tribo, na companhia de anciãos e anciãs que, só por sua presença, ensinam.

Eu vejo um mundo onde todos celebram a abundância dos recursos naturais. Onde o solo, as águas, e o ar são honrados.

Eu vejo um mundo onde os animais seguem desempenhando seu papel na orquestra da fauna, flora e oceanos. Tudo segue em harmonia, assim como os seres humanos.

Eu vejo um mundo onde as pessoas são saudáveis. E não há como não ser, pois elas se nutrem de vida.

Eu vejo um mundo em que o erro é, em suma, ver-se separado. Àqueles que cometem este equívoco, são oferecidos rituais de lembrança da Verdade. E a vida pode celebrar a si mesma mais uma vez.

Eu vejo um mundo em que a beleza, a arte, a poesia e a música são honradas como condutores de sabedoria, amor e verdade.

Eu vejo um mundo permeado de conhecimento que ilumina as mentes humanas, que desperta criatividade, e honra a vida.

Neste mundo os corpos são livres para dançar, sentir, amar.

Neste mundo não há fronteiras, países, governantes, guerras, pobreza, vírus.

Neste mundo, o poder não tem nada ver com acúmulos ou posses. 

Posses? 

Neste mundo, poder é ser quem se É, enquanto se desfruta deste mundo que Somos.

[…]

Tatiane Guedes ༄ Sathya Ma

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