O que é o ego, afinal?
❝Jesus disse, ‘negue a si mesmo’, o que significa,
‘reconheça a inexistência do ego.’❞
— Eckhart Tolle
— Tati, como você descreveria o ego?
Como uma mera sensação de ser um “eu” separado e identificado com um corpo-mente que aparentemente tem uma história pessoal. Isso é o que chamamos de ego. Uma sensação derivada de uma construção mental, ou seja, um acumulado de pensamentos, memórias e significados.
Esse senso de “eu” como alguém com gostos, aversões, tendências, padrões de comportamentos, mecanismos de defesa acontece em toda forma humana. Podemos passar uma vida inteira identificados com este “eu”, buscando melhoria e aperfeiçoamento para ele – o que poderá trazer certo conforto, mas não irá romper o ciclo de sofrimento. Ou podemos ser arrebatados pelo desejo da Verdade e do reconhecimento que realmente Somos, e irmos nos dando conta de que a jornada não é bem sobre aprimorar este “eu”, mas muito mais sobre dissolvê-lo.
— Tati, não entendo isso. Como me dissolver?
Se continuarmos nessa ordem relativa, só conseguiria responder a sua pergunta te dando um passo-a-passo do que você deve fazer para dissolver-se. Mas, não é disso que estou falando aqui.
“Como me dissolver?” – este “eu” que quer se dissolver não tem o poder para isso, pois este “eu fazedor” é irreal. A dissolução é, na verdade, perceber a inexistência deste eu-ego que acredita ser o buscador e o encontrador.
A pessoa não desperta
É o senso de pessoa que se dissolve
— E como perceber a inexistência dele?
Investigando-o.
Eu tenho sugerido começar pelo trabalho terapêutico já pautado na premissa: Você busca o Ser, a Fonte em tudo, mas só o faz porque esqueceu que já é isso. Você já é o Ser sendo.
Com essa premissa na base dessa pergunta que acabou de me fazer, você vai notando que a busca então não é sobre tornar-se, mas sobre reconhecer o que já é. Sei que parece clichê este apontamento, mas ele muda tudo.
O que mais vejo na “indústria” do autoconhecimento é uma parafernália de técnicas e “caminhos” que, na surdina, estão a dizer “vem que eu te ajudo a despertar a sua melhor versão”. E autoconhecimento não é isso. Autoconhecimento é o reconhecimento do que já somos: Uni-verso, o verso Uno, a Consciência, o puro Saber.
E para reconhecer isso que você já É, o puro Saber sempre presente, quem sabe seja necessário um processo de reconhecimento, integração e dissolução das in-forma-ações que transitam no corpo mente: memórias, crenças, significados, traumas, dores, lágrimas congeladas, emaranhados sistêmicos e por aí vai.
— Então, trabalhar com o ego é importante?
Pode ser útil para equanimizar a mente e liberar emoções do corpo de dor – etapa essencial nessa jornada. Uma vez que a mente está mais sattívica¹ e o corpo mais purificado, é mais fácil empreender o processo de autoinvestoigação: Quem Sou Eu realmente?
Essa pergunta nos levará para além do eu-ego, pois não podemos ser aquilo que observamos. Se podemos observar o corpo, a mente, a estrutura de personalidade, os padrões e tendências, há de sermos aquilo que observa.
— O que observa?
O Eu. Mas não aquele “eu” que você acreditava ser, o Eu como o puro Saber, sempre aqui e agora sabendo-se presente em toda e qualquer experiência.
Sendo a experiência.
Vida aconteSendo.
Gratidão Tati.
Te sou, amada. Gratidão que Somos.
[…]
Tatiane Guedes ༄ Sathya Ma
¹Sattva é um dos três gunas que permeiam o corpo-mente. Sattva se manifesta como pureza, conhecimento e harmonia. É a qualidade de bondade, alegria, satisfação, nobreza e contentamento; livre de medo, violência, ira e malícia. É o guna mais essencial para alcançar o estado de Samadhi ou Libertação.
Conheça o programa de [Des] Formação Spontaneum
A [Des] Formação Spontaneum, como o nome sutilmente já revela, é um convite para irmos além das formas. Além das formas-pensamento, e das formas-emoções. Além das in-forma-ações, e da ideia de sermos apenas um corpo-forma separado e limitado. Um programa com mais de 120h de carga horária, contemplando módulos online e um retiro de imersão de 7 dias.
Um convite para o reconhecimento do que realmente Somos: a Consciência não-dual, sem forma, sem nome e sem atributos, sempre presente e que a tudo ilumina.
“Autorrealização é um processo de dissolução da ideia de um eu limitado e separado, e, ao mesmo tempo, a iluminação do conhecimento que revela a Verdade essencial: Você é o Ser. O Ser é tudo o que há.”
— Tatiane Guedes
Tag:autorrealização, ego, personalidade