O vislumbre, o entendimento e a realização
A jornada é única para cada um, leva o tempo de cada um, afinal cada corpo-mente tem seu conjunto de registros e significados. Mas, talvez esses três estágios sejam similares para todos: o insight (ou o vislumbre), o entendimento e a realização (o processo de embodiment ou incorporação).
O insight ou vislumbre é como aquele momento em que a percepção se revela, e com ela, uma clareza quase instantânea, acompanhada ou não da experiência sensorial: “Eu Sou Isso!”. É como um clarão, uma rajada de luz sobre o corpo-mente: “Eu Sou o Ser! Só há o Ser!’. É um dar-se conta Daquilo que está sempre aqui testemunhando as sensações do corpo, e as interpretações da mente – e que portanto, num primeiro momento, notamos que está além do corpo e da mente. Podemos ter um ou vários vislumbres durante a jornada.
Esse vislumbre pode então abrir a porta – ou estremecer e demolir a casa inteira em alguns casos (risos) – para o entendimento. Se houver clareza o bastante para a mente manter-se em seu processo de auto investigação, a compreensão começa a se desdobrar. É nesta etapa que vamos notando as falácias da espiritualidade, o desserviço de dividir o Eu entre Superior e Inferior, toda a parafernália de níveis e de técnicas que prometem te levar a um lugar “lá”, sendo que o único lugar que existe é aqui. Se a mente acumulou muito conhecimento, pode ser uma fase sofrida. Um puxa daqui, empurra dali constante. Dúvidas mil. Controle mil e quinhentos. O antídoto? A rendição. Render todos os seus desejos pelo desejo da Verdade. Auto observação sempre. E se possível, contar com ajuda de professores realizados, pois a chance de auto engano nessa fase é gigantesca.
Adyashanti comenta em seu livro “O Despertar Autêntico” que ele levou mais ou menos cinco anos – os cinco anos mais difíceis de sua vida – para que o vislumbre se firmasse em compreensão e abertura do coração.
Bem, mas o entendimento ainda é uma preparação do corpo sutil. Nessa etapa de esclarecimento ainda poderão vir catarses, in-forma-ações que aguardam por resolução e repouso no Ser. E é tão lindo que, é justamente por isso, que o processo de embodiment (incorporação) vai acontecendo. Veja: a mente se esclarece e vai compreendendo a sua natureza essencial como Consciência, o coração se abre e já não é mais possível fugir ou simplesmente racionalizar as emoções, e o corpo precisa de um tempo maior para ser o espaço deste processo de purificação, acomodando-se nessa nova “plataforma” de percepção.
— Tati, e isso tem um fim?
Ao meu ver, o processo é infinito. Ou seja, podemos seguir lidando com conteúdos que emergem do corpo causal até o nosso último respiro. O próprio Ramana Maharshi, um mestre completamente autorrealizado, lidou com um câncer no final de sua vida – o corpo servindo de purificação de in-forma-ações. Mas, há uma diferença muito muito essencial: saber-Se.
Saber-Se como Consciência, Presença, Awareness, Amor, Deus, Tao, Unidade, não importa como queira chamar Isso que é a única coisa que existe (e que não é uma coisa), é a liberação. O corpo pode experimentar dor, mas Eu Sou Livre, sempre fui e serei.
Essa é a Verdade que liberta.
O resto é viver a vida com’Um, sabendo-Se Um.
Tatiane Guedes ༄ Sathya Ma
Conheça o programa de [Des] Formação Spontaneum
A [Des] Formação Spontaneum, como o nome sutilmente já revela, é um convite para irmos além das formas. Além das formas-pensamento, e das formas-emoções. Além das in-forma-ações, e da ideia de sermos apenas um corpo-forma separado e limitado. Um programa com mais de 120h de carga horária, contemplando módulos online e um retiro de imersão de 7 dias.
Um convite para o reconhecimento do que realmente Somos: a Consciência não-dual, sem forma, sem nome e sem atributos, sempre presente e que a tudo ilumina.
“Autorrealização é um processo de dissolução da ideia de um eu limitado e separado, e, ao mesmo tempo, a iluminação do conhecimento que revela a Verdade essencial: Você é o Ser. O Ser é tudo o que há.”
— Tatiane Guedes